terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dinheiro

Sinto-me chateado, aborrecido arruinado ou melhor dizendo, sinto-me danado. Mas danado porque? Não tenho razões para isso… no entanto, é esta a forma como me sinto.

Os dias têm-se passado de uma forma rápida e contínua, tendo sido o meu tempo finalmente quase na sua totalidade ocupado, fazendo com que começasse novamente a viver os dias de uma forma desbravada com vontade de chegar mais além. Algo que já não acontecia desde à algum tempo.

Perdi alguns dos maiores interesses que tinha, não sei se por força da idade, ou até se mesmo devido a fases que se vão vivendo.

Vejo que a maioria de nós (pessoas) vive e vence com base no dinheiro. Quero com isto dizer, que muito se julgam vencedores com o que o dinheiro pode comprar. Nestes últimos tempos, aprendi que o que o dinheiro pode comprar faz todos poderem vencer. Assim basta arranjarmos a maneira de ter dinheiro e podemos ter tudo o que ele pode comprar.

Então e o que ele não pode comprar? Pois é, ai são poucos o que podem vencer.

O andar de Mercedes, andar de Ferrari, ter Mota e casa de férias no Algarve é comum na minha geração.

Acabar de tirar a carta e fazer crédito para comprar um BMW, é ainda mais normal na geração que se vive. Comprar uma casa topo de gama aos 22, 23 anos, perfeitamente composta também coisa é absolutamente normal nos dias de hoje. Basta ter dinheiro…

Mas o problema é que esse dinheiro não se tem, e não se tem porquê? Não se tem porque é necessário tempo para o ganhar… e quando ele está cada vez mais difícil de ganhar e não há, como vamos pagar todas as despesas que existem?

Realmente, até tem a sua piada chegar ao café montado num belo carro, convidar os amigos para um jantar na casa nova e esta estar perfeitamente mobilada, sendo além disso a maior do grupo!

Mas isto hoje em dia tornou-se coisa banal, perdendo o interesse. Pelo menos para mim… pois gosto de conquistas dia após dia, etapa a etapa.

Qual será o próximo objectivo da geração que possui o carro e a casa dos sonhos? Ter um emprego temporário e andar a contar os tostões dia a dia? Ou passar o resto da vida a trabalhar para pagar créditos?

São perguntas às quais a resposta é sempre a mesma, as pessoas estão a viver de uma forma diferente, de uma forma em que a ilusão se apoderou da sua mente.

Estarei eu errado quando vivo como a geração dos anos 80, em que as coisas eram conquistadas dia após dia?

Não sei, não tenho resposta. Apenas sei dizer que o meu campo de batalha é outro. Decidi desde que me conheço como pessoa a vencer onde o dinheiro não vence, a sair vencedor no que o dinheiro não pode comprar. É por isso que tento alcançar o que apenas pode ser alcançado com dignidade e com tempo. Onde apenas os melhores proliferam.

É assim que vivo e que somo a cada dia as minhas vitorias dignas, sem que para isso seja necessário dinheiro.

Convido todos os que forem capazes a fazer o mesmo. Acreditem que a sociedade mudaria, passaríamos a viver com mais tranquilidade e com maior qualidade de vida.

Chocam-me as pessoas que envergam sempre pelo caminho mais fácil, assumindo as derrotas como coisas banais. Refugiando-se no que o dinheiro compra e na ansiedade de ter algo superior ao vizinho!

Será difícil tentar ser uma pessoa diferente do vizinho, mais digna, mais séria, com mais valor humano? Isso é um caminho apenas percorrido por alguns! No dia em que esse caminho fique deserto, antevê-se uma catástrofe com contornos alarmantes, a qual nem o dinheiro salvará. A nossa sociedade está cada vez mais incapacitada para sobreviver ao mais pequeno abanão.



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Descobre-me

Quando pensares em desistir ou desaparecer
Levanta a cabeça, acredita, tu consegues vencer
Quando o sol se for e a lua começar a brilhar
Vem para a janela, ouve-me a cantar
Quantas vezes já me vi perdido, com medo de me deitar
Pensar que amanha, já não consigo acordar
Fechar os olhos e ver que tudo está parado
Chorar por aqueles que me têm magoado
Queria-te contar uma história, mas não estás para ouvir
Queria dizer o quanto te adoro, mas acabaste por desistir
Saber que te afastaste, com medo de arriscar
Sentir que já não sentes, ou que me estás a enganar
Não te dei atenção, perdi tempo com coisas fúteis
O céu quer cair-me em cima, eu tenho de te pedir desculpas
A vida é um jogo, arrisquei, mas perdi
Se não sorrires para a vida ela não sorri para ti

Viaja no meu íntimo, descobre quem sou eu
Dá-me um ponto de abrigo, eu dou-te o que é meu
Fecha os olhos, foge dos teus medos
Viaja no meu íntimo, descobre quem sou eu
Dá-me um ponto de abrigo, eu dou-te o que é meu
E acredita que para mim não precisas de ter segredos
Risquei a frase que fiz, que escrevia o meu futuro
Meto as mãos no fogo pelo destino, espero que não seja duro
No meu caderno encontras a história da minha vida
E no meu passado, encontras histórias que eu escondia
Tardes passadas com a alma que só eu a via
Letras de músicas que escrevia e reflectia
Nunca pedi muito, mas nem o pouco me deram
No caminho da vida vocês por mim não esperam
E é isso que me revolta, que me toca e que me choca
O interesse de quem fala e que para mim não volta
Sou a tua voz, que há muito tempo ficou presa
Deixo-a ir embora, porque sei que ela regressa
Os medos que eu tenho, estão aqui revelados
Todos os pensamentos, voltam a ser repensados
O momento em que tento que me perdoem pelo que não fiz
Não apareceu, não apareceu porque eu não quis
Viajo no mundo, vou voando em ilusões
Estou sem respostas, mas eu tenho cem questões
Ajuda-me, livra-me, de todos estes pesos
E quando eles saírem juro que te conto os meus segredos

Viaja no meu íntimo, descobre quem sou eu
Dá-me um ponto de abrigo, eu dou-te o que é meu
Fecha os olhos, foge dos teus medos
Viaja no meu íntimo, descobre quem sou eu
Dá-me um ponto de abrigo, eu dou-te o que é meu
E acredita que para mim não precisas de ter segredos

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Preciso de alguém...



"Preciso de alguém que me olhe nos olhos quando falo.
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência.
E, ainda que não compreenda, respeite os meus sentimentos.
Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar de ser convocado;
Alguém Amigo o suficiente para me dizer as verdades que não quero ouvir, mesmo sabendo que posso odiá-lo por isso.
Nesse mundo de cépticos, preciso de alguém que creia nessa coisa misteriosa, desacreditada, quase impossível: A Amizade.
Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum dia eu perder o meu ouro e não for mais a sensação da festa.
Preciso de um Amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida.
Mesmo que isto seja muito pouco para as suas necessidades.
Preciso de um Amigo que também seja companheiro, nas farras e pescarias, nas guerras e alegrias, e que no meio da tempestade, grite em coro comigo: "Nós ainda vamos rir muito disso tudo " e ria muito.
Não pude escolher aqueles que me trouxeram ao mundo, mas posso escolher o meu Amigo.
E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma Amizade Verdadeira,
a vida torna-se mais simples, mais rica e mais bela... "

Sir Charles Chaplin

domingo, 19 de setembro de 2010

Sorri

Sorri
quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri
quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri
Vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz.

Estou farto..

“Faço mais que ontem, faço mais do que amanhã e não quero saber o final. Estou a ficar farto da vida que levo.
Tornei-me aquilo que não queria e temo que possa vir a tornar-me ainda mais naquilo que não quero, sinto-me quase obrigado a estar inserido nesta absurda sociedade.
Sinto-me a viver uma irrealidade sozinho, onde sou o único nela, cada vez me entendo menos, cada vez percebo menos cada um de vós. Cada vez me sinto mais velho, cada vez me sinto mais igual.
Trabalho desalmadamente por um punhado de tostões para o resultado ser sempre o mesmo, estou farto e mais que farto disto, de mais de umas quantas coisas e mais de não sei o quê.
Acho-me estranhamente diferente de todos, vocês apenas estão a viver a vossa vida calmamente e eu estou deste lado da janela a assistir passivamente, enquanto a minha parece que me passa ao lado, não vivo, apenas sobrevivo neste mundo de aparências.
Tento imitar-vos, ser como vocês, avanço recuando a cada pensamento, abro o meu caminho dificultando a passagem nele, chego ao fim saltitando por cada gota de pensamento positivo.
Estou na ponta controversa à vossa.
O que me vale nisto tudo é que não sou o único, sou apenas mais um, contrariamente ao que possa parecer ao olhos de todos os iludidos que cá passeiam.
Cheguei a conclusão, o que não foi difícil, que sou como diz o outro (o grande António Variações): “…Esta insatisfação; Não consigo compreender; Sempre esta sensação; Que estou a perder; Tenho pressa de sair; Quero sentir ao chegar; Vontade de partir; P'ra outro lugar; Vou continuar a procurar o meu mundo; Porque até aqui eu só; Estou bem; Aonde não estou; Porque eu só quero ir; Aonde eu não vou…”.”

Este excerto de texto foi retirado de um Blogue que tenho vindo a seguir a algum tempo e reescrito a meu gosto, traduzindo perfeitamente a maneira como me sinto e o meu estado de espírito actual.

A minha vida é a maior empresa do Mundo

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.

E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

(Fernando Pessoa)

Há verdades que custam mas que são precisas!

“Era uma vez um camponês de pensamentos simples e poucas posses que se apaixonou pela rapariga mais bonita da aldeia. Ela tinha tudo o que a ele lhe faltava: graça, inteligência, popularidade, brilho, mistério.

Ela era bonita, ele igual a tantos outros. Ela era alegre e divertida, ele tímido e metido consigo mesmo. Ela era fogosa e provocadora, ele mais parecia uma mosca morta. Ela tinha graça quando andava, ele parecia que tinha os sapatos pequenos para os pés. Ela brilhava, ele era fosco como uma lâmpada. Ela tinha a força do sol, ele a sombra da lua. Ela não gostava de ninguém e ele gostava dela.

Um dia, junto à fonte, declarou-lhe o seu amor e ela riu-se dele. Então ajoelhou-se aos pés dela e jurou-lhe amor eterno. Ela riu-se outra vez e respondeu com escárnio e desprezo: amor eterno, isso não existe. Mas ele não desistiu. Queria amá-la para sempre e estava disposto a honrar o seu amor por ela.

Então ela olhou para ele com mais atenção e pensou que até podia amar um dia aquele homem, tão igual a tantos outros, e lançou-lhe um desafio. Durante cem dias e cem noites ficarás debaixo da minha janela à minha espera. Faça chuva ou faça sol, caia neve ou trovoada, noite e dia, dia e noite. Cem dias e cem noites. Se aguentares tanto tempo, então é porque mereces o meu amor.

O camponês regressou a casa com o coração cheio de esperança. Cem dias eram um preço baixo a pagar para ter a sua amada. O tempo iria voar, tinha a certeza.

No dia seguinte, fez o farnel e foi para debaixo da janela dela. Esperou que ela aparecesse e acenou-lhe quando a viu espreitar pelas frestas das portadas. O mesmo aconteceu na segunda noite. E na terceira. E na quarta. E em todas as noites que se seguiram.

Todos os dias, a qualquer hora, lá estava ele, à espera de um sinal dela, para lhe mostrar que estava ali, de pedra e cal à espera de merecer o seu amor. Acabou o verão. Chegou o frio. Depois a chuva. Depois a neve. E o camponês sempre perfilado como um soldado na parada, à espera que ela o espreitasse pelas portadas para lhe poder mostrar que estava ali, a cumprir o seu desígnio, a resgatar a sua promessa.
Nunca durante todos esses dias ela abriu a janela para o saudar. Nunca lhe abriu a porta e o convidou a entrar e descansar da sua vigília. Nunca lhe ofereceu um sorriso, uma palavra de afecto, um instante de atenção.

Mas ele continuava lá, agora já cansado, enregelado pelo frio, ferido pela indiferença dela, desgastado pelo vento e pela chuva, faminto e triste, sentindo-se cada vez mais só…

Na nonagésima nona noite ele esperou mais uma vez por ela. E mais uma vez ela não apareceu. O camponês abanou a cabeça, sentou-se no passeio e chorou durante muito tempo. Tanto tempo que a noite passou e o dia começou a nascer.

Tantas horas de espera, tantos sonhos no seu coração, tanto amor para dar e afinal nada valera a pena. A rapariga continuava a ignorá-lo, a fazer troça do seu amor. Sentado no passeio, chorou e viu as suas lágrimas formarem um fio de água que ia ter ao rio, e este ia ter ao mar. Viu o seu amor diluir-se, sentiu que a sua paixão não era nada, comparada com outras paixões que moveram mundos, povos e montanhas. Era só um fio de água que corria para se juntar ao mar.

Foi então que o camponês percebeu. Percebeu que não era ele que não era digno do amor dela, ela é que não merecia o amor dele. Que tudo o que ele amava naquela rapariga era uma ilusão, não existia. Que o seu esforço só lhe tinha servido para aprender a conhecer-se e a aceitar-se melhor a si próprio. Era um homem livre.

E no dia seguinte, quando ela abriu a porta para se entregar a ele, rendida por tanto amor e paixão, ele tinha-se ido embora.”

O camponês e a rapariga – As crónicas da Margarida – Margarida Rebelo Pinto