domingo, 11 de setembro de 2011

Elogio ao Amor

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso in Expresso

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O que mudou

Tudo está diferente, as pessoas estão diferentes, os produtos de consumo estão diferentes, os carros estão diferentes…

Compramos um gelado, que em criança nos deliciava e era de comer e chorar por mais, hoje comemos um gelado de 2 bolas numa gelataria e ficamos completamente enjoados por 3 semanas de gelados.

As batatas fritas, que antes eram tão saborosas, hoje existem com sabor a tudo, com e sem sal, mas o seu sabor nada tem a ver…

Vamos ao café à noite, pedimos um digestivo e o seu sabor é a álcool puro, um sabor desagradável que nos deixa um sabor horrível na garganta!

Todos estamos completamente pendentes do telemóvel e das redes sociais, já ninguém consegue passar sem publicar aquela foto no facebook, do momento que aparentemente é vivido com toda a emoção, mas que serve apenas para ser exposto e demonstrar a alegria que na realidade não existe!

Os carros hoje cada vez mais caros, e com recursos a materiais com qualidades péssimas, pagamos uma fortuna por uma amostra de carro e com um motor que nos dizem menos poluente, de baixa cilindrada e que nos iludem com consumos baixíssimos! Na realidade pagamos por um carro irrisório e sem qualidade absolutamente nenhuma que consome combustível de uma forma exorbitante!

A água que bebemos tem sabor a morango, pode ser para emagrecer, com gás ou sem gás. Mas daqui a pouco não existe água, daquela pura da nascente!

Hoje tudo podia ser barato e bem feito, existe tudo com abundância, os materiais existentes são resistentes, existem máquinas capazes de fazer tudo com uma qualidade invejável… só há betão armado, é horrível por onde quer que se ande só existem coisas mal feitas!

A ganância está-se a apoderar do mundo e das pessoas, a televisão só nos mostra uma crise provocada por alguns e agora todos temos de a pagar.

Ganhamos mais, pagamos menos pelos produtos que adquirimos, pois a sua abundância faz baixar o preço, mas cada vez mais todos os bens como casas e carros estão mais caros! Não entendo porquê, se tudo o que é usado na sua construção está cada vez mais barato e custa menos a fazer!

Apetece-me viver nos tempos dos meus avós, pois pelo que me contaram era uma vida difícil, mas calma e tranquila.

Não havia as redes sociais, telemóveis, grandes carros nem grandes casas. Mas havia GRANDES PESSOAS.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Mais uma noite...

Pelo que acabo de constatar está uma noite excelente, sem vento e com uma temperatura agradável. No entanto, acabei por não sair, resolvi não ir novamente para o café ler as mesmas notícias, ouvir as mesmas conversas, ver as mesmas pessoas… resolvi ficar em casa. Hoje tentei quebrar um pouco a rotina.

Acabo caído no facebook a ver as publicações que os meus “amigos” virtuais fazem e a ouvir algumas daquelas músicas que por vezes nos aliviam a alma… e com isto, mais uma noite passada!

Estou a ficar velho, há dias em que tudo aborrece, até mesmo aquele convite que ontem era irrecusável, hoje não faz sentido e recuso-o!

Preciso de uma mudança drástica, no entanto não sei por onde começar… bem na realidade até sei, mas não me apetece faze-la. E assim continuo dia após dia, a olhar para o tempo e velo a passar.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Oh que dia!

Há dias em que andamos insuportáveis, tudo nos parece interminável! Podem até ser dias bastante produtivos, mas não nos correm bem, sentimo-nos aborrecidos, doentes, enjoados, etc…

Hoje é um desses dias, parece não ter fim.

Não correu nada mal como por vezes acontece, no entanto hoje o dia não me está a saber bem…

terça-feira, 15 de março de 2011

Os dias que correm…


Se bem me parece, isto vai de mal a pior…
A nível nacional, estamos a atravessar uma das piores crises que há memória, as pessoas andam desnorteadas e sem rumo, por tudo e por nada exaltam-se, não têm união e nada fazem para que as coisas mudem.

A nossa comunicação social… essa passa o tempo a mostrar apenas as noticias que lhes convêm, deixando as pessoas ainda mais confusas.

Desde o inicio do ano que deixei de ler ou ouvir notícias, estas deixavam-me com náuseas e abalado.
Parece que 3 meses já passaram e tudo continua igual.

No dia 12 de Março, assistimos a uma manifestação de alguns milhares de pessoas, nomeadamente jovens que se manifestaram em vários pontos do país com o tema da “geração à rasca”.
Não sou apoiante da mesma, no entanto não condeno que o fez. Todos sabemos que muitos dos presentes só o fizerem porque não tinham nada mais para fazer e como tal foram para lá sem saber o que iam fazer…(outros tirar fotografias e colocar no mural do facebook)
Tentei perguntar a alguns jovens quais eram os seus motivos para se manifestarem, e as respostas obtidas após alguns segundos de espera “ direito ao emprego”, “direito a um trabalho bem remunerado”, “igualdade”.
Depois perguntei o que propunham para mudar a actual situação e as respostas foram as seguintes: “ que o governo nos dê mais condições”, “que o governo nos garanta um emprego pago de acordo com as nossas formações”.
Perante tais respostas, acho que não é preciso dizer muito mais... 

Ontem desencadeou-se mais uma greve das empresas de transportes. Greve que eu apoio moralmente, pois é uma das quais que irá conseguir alterar alguma coisa.
No entanto acho ridículo a atitude que as pessoas tomam nestas alturas. E demonstra perfeitamente como nos ia-mos comportar em caso de catástrofe!

Para quê uma tão grande corrida às bombas de combustível? Será que por terem o deposito cheio mais um dia, que é isso o que as vai salvar?
É por irem trabalhar mais um dia que não vão ser despedidas?
Há coisas que nunca mudaram no meu povo…
Sejamos inteligentes e vivemos como se a greve não existisse, e o nosso dia-a-dia estaria garantido com todos os bens durante um mês…

Outra coisa que me deixa estupefacto, são os apedrejamentos que existem e as guerras entre colegas de trabalho... não somos livres de fazer ou não greve?
Ainda para mais é uma greve de empresas de transportes e não de trabalhadores...

Vamos ser educados e saber respeitar...



A nível internacional, estamos a atravessar uma fase muito muito crítica com o sismo no Japão.
Algo desastroso e demonstrador do que a Natureza é capaz de fazer em poucos segundos.

É um belo exemplo para os senhores que se julgam os donos do Mundo… Perante tal força, somos apenas mais uns seres incapazes de fazer o que seja.

O mais preocupante agora, são as fugas radioactivas que continuam a acontecer. É algo que não se vê, e não se sente mas que mata!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A morte e os impostos

"Nos arredores de Lisboa, Augusta, que teria hoje 96 anos, morreu sem ninguém dar por nada. Nem família, nem amigos, nem serviços públicos. Uma vizinha, e penas ela, bateu a todas as portas que pôde, por estranhar a sua ausência. Da família, da GNR, de todos, apenas a indiferença. Nem a segurança social, nem os serviços de saúde. Ninguém. Era apenas uma velha num prédio de uns subúrbios. Passou oito anos a bater a portas. A burocracia impediu que alguém fizesse alguma coisa. A porta não podia ser arrombada. A GNR até gozou com a preocupação da vizinha. Coisas de velhos, terão pensado.

Mas Augusta, cidadã portuguesa, era também contribuinte. E aí deram por falta dela. Tinha uma dívida. Sem um único contato, a frieza da máquina leiloou o seu apartamento. Quando os novos donos chegaram, a porta foi finalmente arromada. E lá estava Augusta, morta no chão da cozinha. Tinha morrido há oito anos sem que ninguém tivesse dado ouvidos à vizinha.

O que impressiona, para além da solidão que permite que alguém morra sem que ninguém dê por nada, é que o mesmo Estado que dá pelo não pagamento de uma dívida ao fisco não dê, não queira dar, pelo desaparecimento de um ser humano. Que o contribuinte exista, mas o cidadão não. Que quem tinha a obrigação de pagar impostos tenha deixado de existir nos seus direitos. A metáfora é macabra. Mas é poderosa. Este Estado que não se esquece - não se deve esquecer - de nós quando é cobrador, mas para quem não existimos quando nos é devida alguma atenção.

Diz-se que só há duas coisas certas na vida: a morte e os impostos. Parece que para o Estado português só a segunda parte é verdadeira. "

É chocante, mas aconteceu e no nosso País em pleno ano de 2011!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quem explica isto???

Isto é algo realmente estranho...
Este ano vamos experimentar quatro datas incomuns... 1/1/11, 1/11/11, 11/1/11, 11/11/11 e Tem mais!!!

Agora vão descobrir, pegue os últimos 2 dígitos do ano em que nasceu mais a idade que você vai ter este ano e a sua soma será igual a 111 para todos!

ALGUÉM CONSEGUE EXPLICAR O QUE É ISTO????